Guiar a inovação
Inovar é considerado por muitos como uma forma de criar novos produtos e serviços. Durante alguns anos foi essa a definição de inovação mais conhecida pelo público em geral. Contudo, inovar é mais que lançar um novo produto para o mercado, ou redefinir um serviço de uma forma diferente. A inovação já não é unicamente da responsabilidade dos departamentos de I&D, mas sim de toda a organização e meio envolvente relevante.
Assim, é normal que a definição de como inovar tenha evoluído. É certo que a inovação ligada ao desenvolvimento de novos produtos e serviços continua a ser relevante e importante, contudo é possível inovar também ao nível dos processos, mercados e modelo de negócio.
Inovar em produtos e serviços
Uma das formas mais tradicionais de inovar é em produtos e serviços. Lançar um novo modelo automóvel após alterar o seu design, ou um novo modelo de computador com um processador mais rápido são formas de inovar ao nível do produto. Já a inovação ligada ao serviço, pressupõe que existe algum tipo de incremento de valor ao nível dos serviços que a empresa oferece. Por exemplo, a forma como os serviços de televisão nos oferecem a possibilidade de ver programas do passado, isto é que já foram transmitidos, resulta numa grande inovação relativamente ao serviço que anteriormente existia. Desta forma o utilizador tem total controlo sobre o que deseja ver e quando quer ver. A maioria das empresas realiza este tipo de inovação com muita regularidade e de forma incremental.
Inovar em processos
Inovar ao nível de processos é uma boa forma de conseguir aumentar a produtividade ou reduzir os custos. Um exemplo perfeito de inovação ao nível de processos é o Walmart. É considerada uma das maiores empresas de retalho do mundo, com 11000 lojas espalhadas em 28 países. Durante vários anos o Walmart tem executado um conjunto de inovações ao nível dos seus processos, com o grande objetivo de aumentar a eficiência e reduzir os seus custos. O Walmart consegue criar previsibilidade na procura dos seus produtos, garantindo que estes se encontram no lugar certo, à hora certa, na quantidade certa e com o menor custo possível. Ao utilizar de uma forma intensiva as tecnologias de informação o Walmart consegue uma maior integração entre o fornecedor e cliente, permitindo assim grandes trocas de informação e redução de risco ao nível da tomada de decisão. Este processo foi continuamente aperfeiçoado via centenas de inovações que foram sendo implementadas ao longo dos anos.
Inovar em mercados
Inovar ao nível do mercado pode ser feito de várias formas. Alguns exempos são, inovar ao nível da marca, ao nível do Customer Experience, ou por exemplo satisfazer novas necessidades com os produtos que a empresa já dispõe.
Ao nível da marca, tudo se resume à forma como a empresa transmite o benefício que oferece aos seus clientes. A Nike fez um excelente trabalho nesse sentido quando decidiu reposicionar a sua marca para o mercado feminino. Com esta inovação ao nível da marca, a Nike conseguiu aumentar em muito as suas receitas, sendo ao mesmo tempo percepcionada como uma marca para todos os desportistas, homens e mulheres.
Inovar ao nível do Customer Experience, resume-se a criar uma experiência o mais completa possível para os seus clientes. Um exemplo perfeito foi o que a Lego fez a um menino. Luka, de 7 anos de idade, gastou todo o seu dinheiro ao comprar um “Ninjago” da Lego (boneco especial). Contra a vontade do seu pai, Luka levou o boneco numa ida ao supermercado, e caiu do seu casaco, perdendo-o para sempre. Luka decidiu enviar uma carta para a Lego a explicar a sua história, e a prometer que se tivesse outro boneco nunca mais o levaria para as compras, jurando protegê-lo todos os dias. A resposta da Lego foi criativa e fascinante, não só lhe deram um novo boneco como responderam impersonando uma figura “Ninjago” (Sensei Wu), dizendo ainda:
“Just remember, what Sensei Wu said: keep your minifigures protected like the Weapons of Spinjitzu! And of course, always listen to your dad”.
Quanto a satisfazer novas necessidades com os produtos atuais, um bom exemplo é o caso da Nintendo, que em tempos com a sua Wii fitness conseguiu através de um produto já existente satisfazer necessidades de um conjunto de indivíduos que se interessam em manter uma boa forma física, ao mesmo tempo que se preocupam com a sua saúde.
Inovar em modelo de negócio
Inovar ao nível do modelo de negócio pode ser uma forma muito proveitosa de conseguir resultados nunca antes obtidos pela empresa. A forma como a Google começou a disponibilizar muitos dos seus serviços e produtos de uma forma completamente gratuita, agitou por completo o mercado. Hoje em dia é normal uma empresa não cobrar nada pelo seu produto, mas em contrapartida conseguir gerar resultados através de serviços. Também é possível inovar ao nível do canal, isto é, como ligar a oferta com os clientes. A Amazon fez um trabalho brilhante ao possibilitar ao cliente o acesso a um número quase ilimitado de livros através do conforto do seu lar. De uma forma semelhante, a Dell ao contrário da sua concorrência, permitiu aos seus clientes configurar cada um dos componentes do seu futuro PC, tudo isto a um preço mais baixo, devido à excelente gestão de stocks que a empresa dispunha (just-in-time).
Conclusões
A inovação já não é algo específico do departamento de I&D, e já não se trata apenas de criar novos produtos & serviços. As empresas podem inovar de múltiplas formas, sendo que estar suficientemente atento ao que os seus clientes pretendem é uma das melhores formas de direcionar a inovação para o lugar certo. É possível inovar ao nível dos produtos, serviços, processos, modelo de negócio e mercados. Resta à empresa perceber quanto da sua inovação deve direcionar para cada um destes quadrantes.
Nos dias que correm não existe opção, ou se inova ou se é ultrapassado pela concorrência, e todas as empresas têm pontos onde podem melhorar. Resta fazer acontecer!