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Profissional Moderno

Profissional Moderno

26 de Março, 2020

Vive mais com menos

Luís Rito

Olá!

 

Antes de avançarmos mais, quero deixar o meu agradecimento a todas as pessoas da nossa sociedade que apesar dos riscos de contrairem o COVID-19, vão trabalhar todos os dias para que tudo continue dentro da maior normalidade possível. A realidade é que apesar de muitos estarem confinados há vários dias ao seu lar, outros tantos trabalham diariamente para que não nos falte nada. E não são apenas os médicos, falo também de farmacêuticos, de todo o pessoal necessário para manter um hospital aberto, motoristas de entregas de mercadorias & encomendas, toda a supply chain do retalho, limpezas, recolha de lixo, transportes públicos e todos aqueles que não referi e que continuam a fazer-nos chegar os serviços essenciais para o nosso dia-a-dia.

 

Dito isto, eu tenho a sorte de poder exercer as minhas funções através do conforto da minha casa, sendo que tirei voluntariamente alguns dias de férias durante este período de estado de emergência nacional. Muitos diriam que um período de férias numa altura em que não podes sair de casa é um autêntico desperdício de dias em que poderias estar de papo para o ar numa praia lá mais para o Verão. Eu vejo de outra forma, apesar de ter em casa um míudo de 10 anos, consigo utilizar este tempo para inúmeras coisas que não consigo no dia-a-dia normal. Uma das atividades ao qual me dediquei foi a tentar pensar e agir de uma forma mais minimalista. O minimalismo é uma forma de estar na vida, que favorece as pequenas coisas em detrimento de uma vida de consumos desenfreados e perseguição de um modelo de sucesso que foi crescendo na nossa sociedade. O objetivo é livrares-te de tudo o que está a mais na tua vida e focares-te apenas no que interessa. Existe um documentário muito bom sobre o tema no Netflix. Este documentário tem como principais protagonistas Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, fundadores deste movimento. Podes dar uma vista de olhos no documentário aqui, e também ver o site deles para teres uma ideia do que se trata.

 

Dito isto, deixo algumas questões no ar. Porque temos que consumir tanto? Porque queremos sempre a casa enorme, o carro potente e topo de gama, o telemóvel que acabou de sair ou 30 pares de sapatos e 100 peças de roupa? Existe uma pressão enorme na nossa sociedade para consumir. Somos bombardeados com publicidade a toda a hora, fazem-nos acreditar que necessitamos de certos produtos para pertencermos a uma certa classe social. Desde pequenos que nos dizem que ter sucesso é ter um emprego com um salário milionário, mesmo que isso signifique trabalhar 12h a 16h dia, mesmo que isso signifique não darmos atenção à nossa família e mesmo que isso signifique abdicar da nossa felicidade. O sucesso na nossa vida deveria ser medido em felicidade e não em euros! Contudo ser minimalista não é viver apenas com uma t-shirt e morar numa casa vazia sem móveis. Ser minimalista é ser muito exigente com aquilo que trazemos para a nossa vida, e restringirmo-nos ao que consideramos fundamental e que acrescenta valor. Todos os objetos que possuis e que não tenham um objetivo e um propósito claro devem ser eliminados, é essa a lógica de tudo isto. Tudo o que é supérfluo vai embora.

 

Munido desta forma de ver as coisas, livrei-me de tudo o que tinha que estava a mais. Tudo aquilo que considero que não acrescenta valor nem iria acrescentar no futuro foi removido. Ter menos coisas é libertador. Pessoalmente não gosto de ver casas com amontoados de "tralha", portanto livrar-me de uma série de coisas permitiu-me ter mais espaço dentro da minha própria casa. É uma loucura as pessoas quererem casas maiores para arrumarem cada vez mais coisas. Alguns desses mesmos objetos não são utilizados há anos, e ainda assim teimamos em querer guardá-los. Sugiro que os ofereçam a quem precisa, nomeadamente casas de apoio a crianças desfavorecidas. O ter pouco também significa que vais gastar menos dinheiro em coisas que não precisas, o que por arrasto te vai fazer poupar mais e aumentar o teu pé de meia. Esse mesmo pé de meia pode ser a tua salvação em situações como a que vivemos agora, e onde existe uma real hipótese da economia se vir a ressentir.

 

No meu caso, sempre adorei livros, portanto considero fundamental rodear-me de livros que sei que vou tornar a ler no futuro, nem que seja para ir procurar uma referência ou uma frase. Apesar de gostar tanto de livros, livrei-me de uma grande quantidade deles que sabia que nunca mais iria tornar a tocar. A lógica é esta, para mim são livros que me trazem valor, mas para ti podem ser CD´s de música ou coleções de bonecos da matutano. Mantêm aquilo que te faz feliz e que adoras, ou que tenha uma função que consideres útil (por exemplo uma máquina de café) e desfaz-te do resto. Por último, consumir menos também nos torna mais sustentáveis. Todos nós temos que ajudar nesta luta, o nosso planeta não vai aguentar este ritmo de consumo desenfreado para sempre. Existe sempre um preço que vamos ter que pagar no futuro. É por isso que te aconselho a fazer o mesmo, livra-te do que não precisas, livra-te de tudo o que não está a acrescentar valor à tua vida. Sê muito rigoroso com aquilo que compras e que trazes para dentro da tua casa, e acima de tudo escolhe a felicidade acima dos bens materiais, que apenas te trazem felicidade no momento em que os compras. 

 

Por hoje é tudo, espero que tenhas gostado. Até à próxima :)